É fim de novembro e o pedaço especial da terra brasilis acostumado com o som de festas tradicionais, com o brilho do sol e o azul do mar se vê tomado pelo assustador barulho da chuva forte. Os boletins das condições do tempo parecem discos de vinil riscados que insistem em dizer que vai chover; chover e chover.
Rios sobem com águas barrentas e a natureza se mostra muito revoltada. Na lembrança do povo vem os sombrios anos de 83 e 84 e os semblantes se fecham. Antes aquelas faces risonhas sempre prontas a dizer um bom dia, uma boa tarde em que posso ser útil? Agora se mostram preocupadas e assustadas.
De repente num final de semana o pior acontece. O Itajaí-açu sobe e avança sobre a linda Blumenau e engole a praiana e faceira Itajaí. Os morros dos vales catarinenses não suportam tanta água e começam a se desmanchar tal qual sorvete no asfalto quente. Comunidades rurais formadas por pessoas simples e batalhadoras perecem em meio às águas e à lama. O gasoduto se rompe em assustadora explosão e o incêndio que em meio à chuva causa a sensação de extremo pavor. Rodovias desaparecem e a região se vê isolada do mundo. Vidas e sonhos terminam. Ouve-se a sinfonia do pânico e da morte. Animais nos campos correm tentando fugir das águas. A confusão se instala. Sirenes e alarmes tocando sem parar em meio à solidão e a escuridão de uma noite que parece não ter fim. Telefones emudecem e as emissoras de rádio e os canais de televisão de todo o país e até do exterior mostram em tempo real a tela de uma triste pintura catastrófica. Bombeiros, militares e um exército sem fim de voluntários se fazem presentes. Helicópteros surgem parecendo mãos divinas a prestar socorro e irmãos brasileiros de norte a sul se unem em prol de ajudar aos catarinenses. As chuvas param e é hora de lamentar e sepultar os mortos, de calcular os prejuízos e ver o que restou.
O sol volta a brilhar e ajuda a tornar mais visível toda a destruição. Ajuda também a secar as lágrimas dos olhos e a mostrar toda a fibra e raça do povo que levanta, se lava da lama e reconstrói a Santa e Bela Catarina.
03 dezembro 2008
Dor e Fibra Catarina
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2 comentários:
Foi triste...é triste!!!...e vai continuar sendo triste por muito tempo ainda!!!
mas nada apagará a beleza da terra catarinense e nem do seu povo...nós continuamos com o brilho nos olhos, ele pode até se confundir de vez em quando com lágrimas, mas assim que elas secarem por completo...
tudo será visto como um grande aprendizado!!!
aprendizado...no sentido de que devemos cuidar da natureza e também das pessoas que amamos, pois derrepende tudo se acaba em fração de segundos!!!
Lindas palavras.
Agora todos se unem para divulgar também o que não foi afetado. Escreva sobre nosso turismo e sobre nossas belezas. Escreva que tudo continua lindo mesmo depois de tamanha catástrofe. Escreva que precisamos urgente manter os empregos desta gente e que o turismo (atente para a época do ano) não pode parar.
É de gente com tamanho talento para escrever que precisamos receber palavras bem colocadas para tratar deste assunto também!
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