03 março 2013

Rau: O Sonho de Benyamin e a Realidade dos moradores




Ao manter o rotineiro hábito de ler o Jornal A Notícia, neste final de semana acompanhei atentamente na coluna do jornalista Claudio Loetz (Livre Mercado) a entrevista com o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Físico-Territorial de Jaraguá do Sul (Ipplan), Engenheiro Eletricista Benyamin Parham Fard.

Ele destaca os seguintes pontos em sua entrevista:

O projeto de desenvolvimento econômico sustentável será apresentado na Associação Empresarial da cidade (Acijs) no dia 11 de março. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Físico-Territorial da cidade (Ipplan) vai contratar consultoria norte-americana para orientar o processo. A Prefeitura quer atrair empresas de base tecnológica. Também prepara a criação de distrito de inovação, algo vital para viabilizar o crescimento e elevar ganhos e receitas.


  • A universidade se integrará à iniciativa do distrito de inovação, que vai se subdividir em três bairros: Nereu Ramos, Rau e Água Verde. O levantamento de quais empresas podem se abrigar no distrito demora pelo menos seis meses.

  •  A ideia é dotar o distrito de um zoneamento próprio, específico. Que terá incentivos e apoio de fundos de pesquisas, como Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Também vão ser dadas vantagens fiscais a empreendimentos que lá se instalarem. Ainda não sabemos se Jaraguá do Sul terá condições de ser polo em fármacos, biomedicina e nanotecnologia.

  •  Vivemos um momento econômico interessante. Algumas poucas empresas tradicionais sempre sustentaram a cidade. Agora, temos de criar um gatilho para desenvolvimento num rumo diferente. Nos últimos dez anos – de 2000 a 2010 – o produto interno bruto (PIB) do município cresceu, mas no comparativo com outras cidades, a curva é quase nula, é de estagnação.

  •  "A região precisa de mais uma subestação de energia elétrica entre CORUPÁ E JARAGUÁ DO SUL. E mais outra, em Guaramirim. Existe negociação avançando com a Celesc."

  •  Jaraguá do Sul é polo econômico da região Nordeste catarinense. Estamos trabalhando num projeto macrorregional para instalação de usina termoelétrica na vizinha Guaramirim. Os prefeitos de Jaraguá do Sul, de Guaramirim e de Joinville são todos empresários e apoiam a ideia. É uma usina para 21 MW e poderá atender população de 850 mil habitantes, em um raio de 40 km.

  •  Grupo chinês nos visitou na semana passada. Para ganharmos empresas com perfil adequado, teremos de oferecer condições como tecnologia de 4G, fibra ótica e muito investimento em educação de ponta.

  •  O projeto completo para a Jaraguá do futuro prevê o inglês como língua oficial do município. Isso, claro, virá no longuíssimo prazo. A sociedade terá de querer fazer isso, rumar nesta direção.

  •  A Prefeitura vai apresentar o projeto de desenvolvimento econômico sustentável de Jaraguá do Sul no dia 11 de março, na Acijs. A prioridade é a busca por empresas de base tecnológica. Em alinhamento com o governo do Estado, criaremos o distrito de inovação.

  •  Devemos explorar, a nosso favor, os clusters econômicos já instalados: têxtil, metalmecânico, de alimentos; e aumentar sua produtividade. O complexo de base tecnológica proposto deve se conectar com as grandes companhias em operação há décadas.

  •  O que mais nos preocupa são os gargalos em infraestrutura rodoviária e ferroviária. É preciso equacionar o drama do escoamento de produção. A BR-280 não duplicada é um enorme problema.

  •  Pretendemos criar mecanismos para facilitar a abertura de empresas no município. Atualmente, demora até 80 dias e queremos reduzir para sete dias a espera do empreendedor para poder iniciar as atividades.

Pelo fato de ser morador do Rau quero fazer algumas ponderações, já que o bairro foi citado pelo engenheiro. O bairro Rau especificamente com cerca de 6.000 habitantes apresenta uma realidade muito distante do vislumbrado pelo presidente atual do Ipplan:

  • O Rau não tem uma escola municipal e a educação básica fica toda concentrada na Escola Estadual Julius Karsten;

  • O Rau tem apenas um Centro Municipal de Educação Infantil (Creche) e há necessidade do aumento de vagas para que as mães possam deixar seus filhos enquanto trabalham;
  • O Rau não tem área de lazer e os moradores precisam se deslocar aos bairros vizinhos do Água Verde e do Três Rios do Sul para aproveitarem as academias ao ar livre;

  • O Rau ainda espera ansiosamente a definição e mais do que isso a construção da ponte ligando ao bairro Amizade;

  • O Rau ainda precisa que seja implantada a tubulação na Rua Waldemar Rau;

  • O Rau espera pela conclusão da recuperação de todas as encostas perigosas reflexos do desastre ambiental de 2008;

  • O Rau ainda espera a conclusão da abertura e pavimentação da Rua Afonso Nicoluzzi;

  • O Rau ainda espera a pavimentação da paralela da BR 280 desde o Chico de Paulo até a Estrada Nova;

  • O Rau ainda espera a recuperação das calçadas destruídas e mal restauradas quando da colocação da rede coletora de esgoto sanitário.

Outra informação importante, o bairro Rau já conta com o Condomínio Industrial inaugurado em julho de 2004 e que apresenta um aspecto de abandono, desde a pavimentação ruim para que as empresas lá instaladas escoem suas produções, a situação precária do sinal de telefonia celular e internet banda larga, sem contar com a necessidade de melhoria no fornecimento de energia elétrica e água para as indústrias.
Calçadas quebradas para a implantação da rede de coleta de esgoto

tentativa de calçada ao lado do Campus da Universidade
Via de acesso ao Condomínio Industrial do Rau

Obras da Rua Afonso Nicoluzzi paralisadas

Vista atual do Condomínio Industrial do Rau

Aspecto do abandono é notável

Placa comemorativa da instalação do Condomínio Industrial em 2004

Placa citando as autoridades de 2004

Atual situação da Rua Waldemar Rau esperando pela tubulação e pavimentação

Entroncamento das Ruas Augusto Demarchi e Pref.José Bauer aguardando pavimentação

Final da Rua Anna Emke lugar que era para sair a ponte

Ruínas da Ponte Rau/Amizade
Até entendo que projetar é bom, é bonito e empolga. Que tal antes de pensar em mudar a língua do município, pensar na instalação de uma escola municipal de ensino fundamental que pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é de responsabilidade do município no bairro Rau? Que tal olharmos mais a realidade, concluir as obras prioritárias, apoiar as empresas que acreditaram no Condomínio Industrial de 2004, melhorar/adequar às condições do bairro atendendo as demandas da população para depois sim pensar em distrito de inovação, empreendimentos chineses, consultoria norte americana e investimentos no estilo de Abu Dhabi?

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