Talvez eu esteja sendo
injusto e demasiadamente pessimista, mas ao limiar de dezesseis anos sem o
maior dos professores brasileiros, sinto cada vez mais a educação bancária,
formando alunos cada vez menos ou nada críticos. A educação lamentavelmente
bancária atrai mais investidores que intelectuais, torna-se cada dia mais
parte integrante do noticiário de economia do que da cobertura acadêmica.
A antes combativa e de
ações vanguardistas UNE (União Nacional dos Estudantes), hoje é mais um
apêndice do governo que vive dos regalos e subvenções da classe política ou de “bolsas”
dos “empresários” da educação.
Cursinho tal aprovou esse
ou aquele em primeiro lugar. Fulana de tal é primeira colocada nesse ou naquele
curso, tá, mas e daí? O coletivo, a formação crítica da sociedade, onde fica?
O crescimento do número de brasileiros
com nível superior que engordam as estatísticas cresce mais impulsionado pela
necessidade do mercado interno apresentar índices para negociar com o mercado
externo do que efetivamente pelo interesse em se ter uma sociedade mais crítica
formada por indivíduos pensantes.
Saudades do professor dos
professores brasileiros, saudades da pedagogia crítica que apregoava a formação
da consciência política. Pois o que vemos hoje, são muitos analfabetos de
criticidade e autonomia com pós-graduação. Pessoas que se dizem sábios, mas que
não leem e o pouco que leem não entendem e muito menos são capazes de construir
uma pauta mínima de crítica positiva e produtiva para um mundo melhor.
Doutor Paulo Freire, o
senhor faz muita falta. É vergonhoso professor, mas muitos professores e
professoras aqui mesmo do seu querido Brasil desconhecem a sua teoria. Infelizmente
nesses anos desde sua partida, políticos até que foram de sua convivência
tomaram o poder e abriram mais escolas bancárias que vagas em bancos
verdadeiramente escolares.
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.” (Paulo Freire) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário